quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Linha de chegada


Naquele momento, naquele exato momento, eu não soube o que dizer, nem pra onde correr.



Fiquei estática.
Meus olhos permaneciam sem uma lágrima, fixos em um ponto qualquer, muito além da porta entre aberta. Muito além do seu abraço. Muito além do seu cheiro. Muito além...
Não!
Era como se eu tivesse ido embora de mim mesma. Como que de alguma maneira eu tivesse me livrado de uma carga pesada.
Não!
Já não sabia mais quem estava saindo por aquela porta. A única coisa que eu sabia é que eu precisava me acostumar com esse corpo estranho, completamente novo, leve.
Sim!
Eu precisava inventar rumores de uma vida normal. Um cotidiano qualquer onde eu pudesse esconder a tristeza estampado no meu rosto.
Não!
Eu já não me importo se seus olhos não cruzam com os meus. Eu já não me incomodo com o “Maquiavelismo” que cabe perfeitamente em seu sorriso.
Não!
Eu não seria covarde a ponto de gritar seu nome, ou causar uma fatalidade para chamar a sua atenção.
Eu sei.
Eu sabia exatamente o que significava você pegar a chave do carro e bater a porta. Significava que você fi-nal-men-te teria um lugar vago no banco do passageiro.
Sim!
Lugar que por muito tempo foi por mim ocupado e que certamente seria substituído por uma-outra-mulher-igualmente-tola-feito-eu.
Feito eu.
Não!
Você jamais encontrará outra “tola” capaz de investir em uma maluquice. Sem retorno. Sem futuro.
Não!
Eu sei.
Eu sabia onde isso ia chegar.
Chegar?
Coisa da minha imaginação.
Nem todos chegam ao ponto final. Muitos se perdem já na largada.
Sim!
Eu fui uma delas, admito. Fui ficando para trás, sendo ultrapassada.
Perdendo a fé, o rumo.
Não!
Não fazia idéia do que estava por vir, mas eu continuava correndo, tentando... sem sequer olhar para trás. Focando na linha de chegada. Eu tinha esquecido de vez ou outra olhar para os lados.
Agora meus lados estão completamente cheios de espaços vazios.
E o mérito é todo seu, querido.
Não!
De forma alguma. Você não me enganou, eu enganei a mim mesma. Me deixei seduzir.
Não!
Agora não é hora. Não importa o que eu passei. Tenho espaços vazios para serem preenchidos. E uma nova largada esta por vir.
Sim!
Tome o devido cuidado. Desta vez eu ultrapasso a linha de chegada.