quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Qualquer blá, blá, blá


Antes de dar tudo errado, eu tinha absoluta certeza de que a gente dava muito certo, até que num “belo” dia você jogou o controle remoto da televisão, sem o menor respeito, interrompendo a minha cena preferida do filme, não preciso nem acrescentar.
Acabou, foi tudo bem simples, era você ou eu.
(...)
Optei por mim.
Ficamos sem proferir uma palavra sequer durante alguns minutos. Você tentou resmungar algo, mas eu o calei. Eu estava assistindo o “meu” filme e você bebendo a “sua” cerveja. Nós dois sabíamos que não era preciso dizer muito, então você levantou, apanhou o controle e colocou na mesa, sem nem olhar nos meus olhos. O filme acabou. Continuei sentada, acompanhando o letreiro. Quase não pisquei, quase não respirei. Quase não suportei o fato de você ter estragado a nossa comemoração de seis meses de namoro.
Sem qualquer blá, blá, blá, sem qualquer despedida, fui logo abrindo a porta. Você me fitava em silêncio, enquanto eu esperava pelo elevador. Não houve nenhuma narrativa romântica, nenhum adeus ou uma surpresa inesperada, estávamos em comum acordo. Tinha acabado. E ponto. Mas que você não seja o ponto final, seja as aspas, as reticências, o travessão, sei lá apenas seja (...)
O elevador parou no décimo primeiro andar e então você foi. Se foi pra sempre. Quis chorar, gritar, enfartar, mas não. Me calei. E lamentei. Lamento a morte gradativa da minha esperança no amor e nas coisas bonitas, que parecem existir apenas nos filmes que me alimentam de ficção. Lamento estar nesse estado patético de cegueira para a realidade e lamento também por essa vulnerabilidade com a qual o amor submete a gente. Suga a gente. Consome a gente.
A gente?
Agora sou apenas eu, uma garrafa de cerveja vazia, algumas cinzas, um controle remoto com as suas digitais e, enfim.
Acontece que, depois de um amor, não dá pra seguir em frente sem um tempo, umas férias. Então declaro a todos e oficializo meu período de intenso recesso emocional. Longo, para respirar, recompor e experimentar. Longe para me amar e fazer de tudo por mim. Longe de você e let it be. Nessas férias quero conhecer novas praias, novos bares, novas baladas. Por falar em novas baladas lembrei-me daquele dia em que fomos à inauguração da “Love”, e eu acabei perdendo a bolsa em uma confusão, tudo culpa sua. E quer saber? Me deu uma saudade (...)


Eu amava aquela bolsa, seu idiota!

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Quase luto, quase dor


O pouco de sanidade que ainda resiste dentro de mim grita: você esta pirando, e o pior, eu sei, só que a mentira era do tipo “tão bem contada” que cheguei ao ponto de guarda-la no bolso da calça jurando ser uma verdade absoluta. Foi então que entrei em um estado latente de quase, quase luto, quase dor, mas não era nada disso, era só o danado do amor se esbaldando as minhas custas. Custa caro o amor, meu caro. Meio caro.
Caralho, olha se não estou falando do (...)
Eu sei que você deita e dorme com a consciência tranquila, enquanto eu me ocupo andando pela casa mais especificamente ao redor da mesa. Eu sei que você deita e dorme, enquanto eu tenho uma vontade imensa, quase descontrolada dentro de mim de sumir, de ativar o botão “Off” e me deixar a disposição apenas para uma boa musica, no meu canto. Calada. Eu sei que você deita e dorme,  enquanto eu leio algum clássico da literatura nacional, fumo um baseado, e passo a noite em claro. O que se reflete nas olheiras do dia seguinte e no mau humor aparentemente sem motivos, mas acredite, eu os tenho e não são poucos. Depois volto pra casa e tenho vontade de dormir por horas, a fim de saciar essa minha fome de felicidade, essa minha sede de amor e essa minha constante falta de carinho.
Falta, mas não volta.
Desta vez não tem mais volta, e volto a dizer, como se nunca tivesse dito, não volto e, por favor, não volte (...) Passou, é claro, e já faz um tempo, o único “pequeno” problema é o que ficou, de resto, não me incomodo. Não me importo, respiro fundo e continuo em frente. Não dá pra parar não é mesmo?
Tô tranquila, assistindo a novela da vida com o controle remoto na mão, qualquer incomodo, qualquer cena desagradável é só mudar de canal e pronto, tudo resolvido. Pra que complicar?
Marquei hora no salão e resolvi me perfumar, dessa vez eu não tenho um alguém pra quem ficar linda, a não ser eu mesma, e sabe. Vou ficar linda pra mim. A partir de hoje vou me amar, e quanto a você, continue dormindo (...)  


Só não deixe de sonhar.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O que é que você tem?



O que é que você tem? Não importa quantas quadras eu vire à esquerda, ou se eu atravessar a rua (...) sempre acabo nos teus braços. No teu abraço. Você precisa mesmo me ligar e me conquistar toda vez que eu desisto de nós, e resolvo contradizer meu coração? Que tipo de amor é esse, que não precisa ser alimentado, mas que só cresce e ocupa todo o espaço? O que é que você tem? Nesse seu misterioso segredo, onde eu sou capaz de sacrificar minha própria dor. Capaz de desobedecer até mesmo aos conselhos mais sensatos. Capaz de esquecer-me do tempo ruim, do frio lá fora. Dos outros caras igualmente lindos e inteligentes. Do mundo girando pra ter mais, e outra, e uma última vez o seu sorriso. Que loucura absurda essa, onde insisto em te incluir nos meus planos mais íntimos do futuro, e em tudo mais que me pertence. O que é que você tem? Nesse seu olhar enfeitiçado capaz de me fazer implorar pelos seus defeitos e suas manias mais irritantes? O que é? O que você tem? Que direito você tem de manipular minhas escolhas, meus erros? Quem? Quem você pensa que é? Me fala! Teu maior prazer é esse? Esse é o seu segredo, não é? Diz! É assim que você me prende ao teu lado, e me deixa assim (....) tão solta. É assim que você me encara, sem me olhar nos olhos. Me enchendo de dúvidas. Me enlouquecendo de porquês. É assim que você me ama? É assim que você espera que eu te ame? E eu amo! Sem explicações (...) Você me enche de esperanças. Não é esse o seu maior triunfo? Fala, porra! Enche o peito de ar e fala! E assim que você me quer? Do avesso. De cabeça pra baixo, de pernas pro ar. Ao contrário. Fugindo de mim. Do meu controle. Do nosso contrato. Amor não te basta? O que é que você tem? Porque é que você não traz junto às suas promessas a nossa resolução? Não adianta fazer cálculos absurdos, como se eu fosse um problema, uma mera regra de três, e pronto. Tudo resolvido. Não adianta me oferecer curativos baratos ou me encher de gracejos. Se você prefere a paz, a água morna, os livros organizados na prateleira, as camisas em ordem de cor e o tédio da solidão, troca de mundo, só não tenta contaminar o meu.
O que é que você tem?
Nada!
E eu?
O que é que eu tenho? 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Me deixa. Ou deixa.


Sabe o que mais me aborrece? Esse jeito seu de me deixar pra depois, pra amanhã. Esse jeito seu de se perder de mim, sem de fato se perder. Esse jeito de me jogar pra escanteio, só pra ver quão longe de você eu vou. Se é que eu consigo ir. Sabe o que mais me aborrece? Esse jeito seu de me preservar na cabeceira da cama, em banho Maria, junto aos seus livros e o copo d’água. Sem me querer, você me quer. Sem me desejar. Eu te desejo. Para de me varrer pra debaixo do tapete. Para! Para com isso. Para de me aborrecer. Me deixa? Deixa, eu mostrar o quanto sou engraçada. Porque lá no fundo, bem escondidinho eu sou, sabia? Sou divertida, bem humorada e (...) Deixa. Deixa pra lá. Me deixa logo! Deixa, eu mostrar as coisas lindas que eu sei dizer. Porque lá no fundo, bem guardado, cultivei as mais belas palavras pra você, sabia? Não disse. Não tive tempo de dizer, nem de mostrar o quanto eu guardei pra nós. Fica! Toma um chá? Só não me deixa. Espera! Eu sou carinhosa sabia? E também não tive a oportunidade de (...) Com açúcar ou adoçante? Não deu pra ouvir todas as músicas que você gosta, nem conhecer todos os seus amigos, mas eu poderia ainda tentar (...) Mais açúcar? Senta aí um pouco, e bebe logo, caso contrário vai esfriar. Deixei. A porta esta aberta. Não te obrigo a ficar, é só que, eu pensei que pudéssemos (...) Deixa pra lá. Onde eu errei? Eu acertei em algum momento? A gente podia ao menos. Não me aborrece! Para! Fui de menos? Sufoquei demais? Deixa, é só que, eu pensei que tivesse o direito de saber os seus motivos (...) Sim, com biscoitos o chá fica mais saboroso. Concordo com você. Como eu ia dizendo, tá aberta. Se for embora, me deixe. É que se você for agora (...) Mais chá? São ainda 16h30min. Fica! Espera, eu sei cozinhar sabia? Nunca cozinhei porque (...) São de nozes, minha avó quem fez. Você precisa mesmo ir? Fica! Para! Ou me deixa! Me deixa, vai! Adeus! Espera! Se você não quer estar aqui comigo, de corpo inteiro, de alma pura e com todo o seu coração. Deixa. Deixa que eu te levo até a porta e te faço um convite: Saia! Pode ir, é um favor que você me faz. Só não volte, porque quando eu fechar a porta, não te convido pra voltar (...) Pode deixar que eu tiro a xícara da mesa, não se incomode. Sei que não sou a pessoa mais bem resolvida e que posso me arrepender. Mas sabe? Eu deixo a dor pra depois, pra amanhã. Jogo esse meu orgulho pra escanteio. Preservo seu sentimento em banho Maria. E o seu amor (...) 





Eu varro pra debaixo do tapete. 



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Tarde demais para (...)


A “bomba” está lançada. O desafio é esse. Dançar conforme a música, se é que me entende. Não beba refrigerante, dá celulite. Durma cedo. Não assista tanta televisão. Não consuma gordura. Não fale palavrão. Não gaste água. Poupe seu dinheiro. Planeje seu futuro. Não use drogas. Case-se com alguém. Tenha um bom emprego. Pense antes de falar. Faça isso. Não faça aquilo. Escute. Seja. Mude. Faça. Pare. Siga. Menos. Mais. Agora. Chega. (...) É muita limitação, tanta justificativa, um falso puritanismo, tamanha hipocrisia. Chega a sufocar. E a tão famosa “liberdade”? Tanta regra, demasiada punição. Onde queremos chegar? Modelos perfeitos? Então eu me pergunto, será que é preciso tanta precisão, tanto acerto, onde fica a diversão? E se eu burlar essas regras? E se eu for chegar atrasada? E se eu quiser simplesmente atravessar a rua e mudar de direção? Acorda, a vida não precisa ser levada tão a sério. Sorria sim, fale bobagens. Erre quantas vezes quiser. Volte atrás se achar necessário. Beba. Brinde, a vida é mais descomplicada do que aparenta ser. E mais intensa do que costumamos perceber. Aproveite melhor seu tempo e, se não for pedir demais, seja aquele sujeito lembrado pelas boas gargalhadas e não pelo terrível senso de humor. Se por acaso ainda não lhe contaram, seu pulsante e vital “coraçãozinho” um dia vai deixar de bater sem mais nem menos, sem qualquer aviso prévio, é justamente por isso meu caro, que eu digo (...) Não fuja da chuva, deixe molhar. Cante no chuveiro, desafine. Diga o que sente sem pudores. Ame sem vergonha. Abrace sem medo. Não economize as palavras gentis que precisam ser ditas, diga. Amanhã pode ser tarde demais para perdoar aquele velho amigo. Tarde demais para usar aquele vestido novo. Tarde demais para fazer aquele telefonema internacional. Tarde demais para (...) Quando foi seu último abraço? E seu último beijo? Quem sabe o seu último amor? E seu último porre? Não lembra? Então aproveite pra abraçar quem esta ao seu lado. Pra beijar. Pra amar. E porque não pra encher a cara? Abra aquela garrafa com grande teor alcoólico que esta empoeirando na estante, porque você fica esperando o momento certo para abrir. Se existe um momento, aprende de uma vez por todas. O momento é agora. Já! Aumente o som no máximo, sinta a música. Tome um verdadeiro banho de perfume, caia na balada. Não invente empecilhos e tempo ruim, sorria até perder o ar, ou chore até cansar, se estiver com vontade. Seja diferente. Seja o que quiser, mas seja você! E por fim, peço desculpas desde já pela minha demasiada sinceridade, mas vou ser o mais clara possível: Taque um belo de um foda-se e seja feliz! 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

E o amor


E você me pergunta (...)
E o amor?
E eu respondo (...)
“E o amor?”
E você retruca, sim, o amor.
E eu respondo (...)
Ah, veja bem, o amor. Sei lá. Sabe que nunca parei pra pensar direito nisso. Na verdade até parei pra pensar, mas, como deve imaginar, não consegui defini-lo, nem entendê-lo, quem dirá deveras vivê-lo. Complicado, não é mesmo! Às vezes eu penso que é aquele aperto no peito, aquela angústia, a vontade do outro corpo colado no meu. Outro corpo com passado, vontades, sonhos, manias, ambições e defeitos que não os meus. Mas que de alguma maneira se tornam nossos. Acho que é isso.
E você me pergunta (...)
Isso o que?
E eu respondo (...)
O amor, oras, é justamente isso. Não saber direito o que ele é, quais os sintomas, as causas, sua origem, suas razões e mesmo assim sentir tudo que ele provoca. Acho que é isso também.
E você me pergunta (...)
Isso também o que?
E eu respondo (...)
Não querer alguém para simplesmente dividir as contas, mas para multiplicar os sonhos. Diminuir as inseguranças e somar os ganhos.
E você me pergunta (...)
Matemática isso?
E eu respondo (...)
Isso o que?
E você me pergunta (...)
O amor!
E eu respondo (...)
Matemática pura!
E você me pergunta (...)
E o amor?
E eu respondo (...)
“E o amor?”
E você retruca, sim, o amor.
E eu respondo (...)
O amor não é só festa, existe um pouco de velório também.
E você me pergunta (...)
Velório?
E eu respondo (...)
Sim, é vivenciando o amor que a gente enterra o nosso orgulho, nosso ciúmes, nosso egoísmo, nossas falhas, nosso descompasso, nossas contradições. É vivenciando o amor que buscamos a nós mesmo e nos encontramos com o outro.
E você me pergunta (...)
E o amor?
E eu respondo (...)
“E o amor?”
E você retruca, sim, o amor.
E eu respondo (...)
Vai bem, obrigada!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Tudo Passa

Sabe o que ele me disse?

“Tudo passa...”

Tudo passa, oras. Simples (...) Agora eu fico me questionando por horas se existe algo mais clichê e vago do que dizer a alguém que “vai passar”, quando na verdade não vai! O que vai passar? Amor passa? Não! Se passar não era amor. E se ficar? Será que fica? Acho que não. Todos passam. Vai passar, né? Não é o que todo mundo diz? Me diz! Vão todos pro inferno e nunca mais digam que vai passar. Passa(do) É normal, não é? Não? Sim? Mas passa, até você passou, causou e vazou. Ainda passa. Passa(do). Você foi. Eu fui. Nós fomos. Passou. Só pra deixar bem claro, passou. Tudo passa não é mesmo? Bom, daqui pra frente será assim, sem passado. Hora de deixar ir. Deixar pra trás. Entende? Sim, isso quer dizer alguma coisa. Quer dizer que passou. Só isso. Temos que aceitar as partes chatas e tristes, assim como devemos aceitar as partes gostosas e felizes. Sim, eu fui muito feliz. Passou. Agora? Estou muito bem, obrigada! Mesmo que você diga com todas as letras que “tudo passa” eu sei que lá no fundo você me pede uma, duas, três vezes para ficar. Mas, quer saber? 

Passou, veja só que gozado!!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Mais uma vez

Mais uma vez tô eu aqui. Tola sonhando acordada, esperando o tempo passar como quem espera o itinerário. Como quem. Como quem espera por ele. Sem esperar por absolutamente nada. Ou simplesmente esperando por tudo aquilo que ainda esta por vir. Por ser vivido. Mais uma vez tô eu. Juntando estilhaços. Colecionando momentos felizes. Jogando tudo que é supérfluo. Guardando velharias - que ocasionalmente não consigo desapegar - em meu acervo. Deixando de lado qualquer pretensão. Dando um “up grade”. Avaliando as propostas, balanceando os ganhos. Iludindo meu. Alimentando o ego. Mais uma vez tô. Reposicionando os quadros na parede. Trocando as pilhas do controle remoto. Dando vida e utilidade para as coisas. Ocupando meu tempo ocioso com cautela. Com dedicação. Com ou sem ele. Mais uma vez. Buscando pelas flores mais bonitas e perfumadas da estação. Desempoeirando os cantos esquecidos da casa. Tirando as teias de aranhas. Doando hábitos antigos. Parei de usar o calendário. O relógio. A bússola. Mais uma. Certamente não serei. Desisti dele. Não de mim. É triste. Ainda vou sentir o coração apertar toda vez que ele me olhar. Vou sentir saudades da cumplicidade. Mais. Eu quero mais. Eu vou além. E não há nada mais triste que essa história de seguir em frente. Não há nada pior que ter que deixar o outro ir. Não há nada mais maduro que a própria aceitação. É por isso mesmo que a partir de agora é por minha conta e risco. Deixa que daqui pra frente eu “toco o barco”.  Vou navegar por aí, me aventurar. Vou navegar por aí, me afogar. Me molhar. Está decidido. Hoje é aquele outro dia. Hoje são aqueles outros sonhos. Outros (dês) amores. E outros. E outras. Aquela “outra” estranha vontade de sair da mesmice, de forjar a própria rotina. E sabe. Vou soltar os cabelos. Pintar as unhas. Ficar bonita. Sair. Conhecer gente nova. Novas bocas. E acima de tudo cometer loucuras. Verdadeiras insanidades. E quando meu barco finalmente chegar. Estarei pronta. Pronta para ‘mais uma vez’. 

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Ele voltou com a ex

Cheguei ao ponto extremo de achar que entendia tudo sobre a vida. Sobre o amor. Sobre mim. Achei que ninguém era capaz de me surpreender. Mas. De repente a surpresa. De repente a verdade incontestável.  De repente eu percebi que nem sempre só o amor é o bastante. Nem sempre o amor é “o” amor. Nem sempre (...) Ainda estou confusa, cheia de abandono e sem a menor resolução. Tenho andado zonza, na contra mão. Não como direito. Não durmo há semanas. E o pior. Não sonho mais.  Estagnada em um tempo que eu criei para reposicionar, quem sabe inventar uma estratégia, um abrigo pra fugir dos meus medos mais íntimos, das verdades mais cruéis. Da sua lembrança. Dos meus pensamentos fora de ordem. Se quiser saber. Tenho existido. Tenho trabalhado. Tenho tropeçado. Afinal, o mundo não para de girar. Tô cheia de acúmulos, de estragos. De podridão. De palavrões. De sujeiras. Tenho cometido velhos erros. Tenho revivido alguns episódios. Tenho torturado meu coração. Tenho fingido muito. Mentido muito. Sabe? Enfim. Ele voltou com a ex, e eu voltei a beber. Ele voltou com a ex, e eu voltei a fumar. Resultado disso tudo. Fui dormir mais cedo. Bêbada. Chapada. Meio grogue. Meio down. Meio entorpecida. Extraviada. Espero que ele possa conquistar aqueles “nossos” sonhos. Espero que ele refaça os “nossos” planos de fuga. Espero que ele esqueça-se dos “nossos” e (...). Quero que ele toque a vida em frente. Não olhe pelo retrovisor. Não estacione. Vá sem medo. Eu sei que é cedo pra gente pensar que é tarde demais e desistir de tudo. Eu sei. Eu queria. Eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Só que agora me resta dizer: Mudei.


E muito.                                                                                



terça-feira, 10 de julho de 2012

Não faz o menor sentido


Isso não pode ser considerado normal. Não era pra ser assim. Eu não queria que fosse assim. Mas foi.  Mas é. O vazio é assim, tira tudo do lugar. Ocupa todo espaço existente, restando apenas o nada. Como é que se pode restar algo inexistente (?) Sabe aquela tosca mania de querer encontrar insaciavelmente o sentido em tudo (?) Caríssimos, é com propriedade de quem já viveu duas décadas que eu vos falo. Os segredos mais atraentes não fazem o menor sentido. Os amores que “escolhemos” não fazem o menor sentido. As cores em uma escala de cinza não fazem o menor sentido. A vida por si.  Faz algum sentido (?) Quem sabe a música “Why Am I The One”, faça algum sentido (...) já não sei o que pensar sobre tudo isso. O que fica óbvio, é que não me conheço o suficiente para saber a respeito da minha própria felicidade. Não sei onde busca-la. Não sei onde ela começa. Se tem fim. Simplesmente desconheço suas razões e ignoro suas causas. Uma metade inteira de mim se importa e grita exaustivamente por socorro. Como se os gritos fossem calados pelo eco das paredes largas do meu peito dilacerado. Não dá pra suportar. Cheguei ao meu limite. Tenho medo disso. Nunca gostei de imprevistos. De surpresas. De correr riscos. Sempre quis me sentir no controle das situações descontroladas. Sempre quis as coisas do meu jeito. Na minha hora. Mas agora me diz. Me diz como eu faço pra corrigir, pra esquecer. Porque francamente. Eu não sei. Tô cansada de expectativas. De coitos. Desses finais. Desses passos dados no escuro. Sinto uma necessidade urgente de (...) seja lá o que for. Seja lá o que isso signifique. Eu quero vivê-la. Eu quero senti-la. Pela primeira vez eu quero querer. Insisto em manter os olhos fechados. Por mais que eu tente, permaneço nesse sonho sem sentido. E o pior (!) não tenho a menor pretensão de acordar (.) 

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Eu pedi pra você ficar.

Vai, pode ir.




Leve tudo que é teu não esqueça de nada, nem um par de meias. Leve tudo que eu sempre amei, leve também todas as músicas, todas as histórias. Leve esse teu sorriso torto no canto da boca, leve os beijos, leve tudo... Tudo que você faz questão de ter só pra si. Seja homem, faça o que eu não fiz, me deixe. Pode ir, isso é um incentivo, um empurrão. É isso que você quer, não é? Fica tranquilo, não contarei seus segredos, nem desejarei sua morte. Eu vou torcer muito por você. Pode ir, não ficarei no seu caminho, mesmo que eu deseje sua volta. Por favor, não diga que eu não lutei por você. Todas as vezes que pedi pra você me ligar e fiquei quietinha ouvindo sua respiração, eu pedi pra você ficar. Todas aquelas vezes que eu não disse nada, eu pedi pra você ficar. Todas as vezes que eu fui estúpida e fria, do meu jeito, eu pedi pra você ficar. Todas as vezes que eu fugi e fingi, eu só te quis ali, ao meu lado. Eu pedi pra você ficar várias vezes, de várias maneiras. Eu lutei por nós. Desculpa por nem sempre atender seus telefonemas, suas carências, seus pedidos, me desculpa por não ser sempre o que você quer. Pelo amor de Deus se perdoe. Me perdoe. Eu só peço que pare de culpar a vida, pare de ter pena de você mesmo. Se descubra. Se aceite. Se estrepe. Saia desse casulo, dessa proteção. Se arrisque. Não estou te culpando, somos todos culpados, se quisermos. Somos todos errantes e assertivos, se quisermos. Só se quisermos. Aprendi, chorando, mas aprendi que preciso silenciar o coração. Aprendi que acima de tudo preciso parar de sentir tanto, de querer tanto. De ser tanto. Aprendi que é gostoso viver de coisas simples, de gestos singelos. Aprendi que é bom ter pra quem contar como foi o dia. Aprendi a pedir e dar palpites. Aprendi a dividir minhas emoções com os amigos. Aprendi a pedir um abraço confortante quando o mundo está chato. Aprendi que não dizer nada, pode ser saudável. Aprendi a falar besteiras. Aprender a rir das pequenas discussões. Aprendi a não guardar mágoas. Aprendi errando. Mas aprendi.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Manual do Usuário II

Passo a passo, como me entender. 




Introdução.
Caro cliente,
Devido ao grande sucesso do guia anterior, resolvi desenvolver alguns outros pontos, deixados de lado por questões pessoais.
Espero sinceramente que a mercadoria sai melhor do que a encomenda.
Desenvolvimento.
Importante!
Nem sempre sou doce como pareço, carrego comigo o céu e o inferno, isso só depende de você.
Não sou malvada nem santa, mas é melhor tomar cuidado comigo. Saiba me cultuar.
Sei perfeitamente perdoar, o que não quer dizer que eu seja relevante ou ainda passional. Perdoarei se for seu caso, mas não me peça garantias, as coisas talvez nunca voltem a ser como eram antes.
Trago no peito um coração imenso, odeio guardar sentimentos, acho que eles têm que ser degustados, assim como um bom chocolate amargo. E expressados em forma de poesia, beijos e amor.
Fingir e fugir pra quê?
Sou de viver o instante, o amanhã que espere sua hora chegar.
Faço planos. Refaço, afinal, nada é tão certo, que não se possa mudar.
Falo pelos cotovelos, falo sozinha, falo sem pensar, falo coisas sem sentido, jamais sem sentir.
Volta e meia me pego resmungando pelos cantos, pragas, juras, orações.
Faço cara feia sim, mostro a língua, não sou legal e francamente não.
Não busco nenhum tipo de aprovação.
Vivo a minha maneira, sem medidas ou limites, dentro dos meus valores, fora de sua linha de compreensão.
Me isolo quando preciso, também tenho meu casulo e minhas manias. Fico em silêncio, mesmo quando ele não é o mais conveniente.
Sou insegura, tenho crises de riso quando nervosa, crise de identidade quando desesperada e crise de espirros quando estou com rinite.
Constantemente invento estórias, nomeio filosofias, venero fotografias e o principal: amo “contos de fadas”, pelo fato de já saber o fim.
Previsível?
Eu diria que isso varia, depende do estilo do consumidor. Se me conhece, sabe reconhecer cada sorriso, cada gesto.
Não me entrego fácil, mas quando me entrego é de corpo e alma, sem meios termos.
Sou inteira, sou intensa.
Funciono na base da reciprocidade, esse negócio de doar sem esperar nada em troca, não, comigo não rola, já ouviu falar em “ou vai ou racha”, pois então...
Volte e meia acabo caindo na minha própria farsa, em minhas próprias armadilhas.
Correr atrás?
Sim, daquilo que realmente merece minha atenção.
Elogios? Faça por merecer.
Conclusão.
Cada um tem de mim o máximo e o mínimo, o tudo e o nada. Se faça refletir.
Não tenho custo alto, nem data de validade e sou facilmente saciada pelo amor.

sábado, 28 de abril de 2012

Parecidos com você

(...)
Ele- Chovia e fazia frio.
Ela- Brindávamos com uma xícara de café.
Ele- Fumávamos do mesmo cigarro.
Ela- Fumaça.
Ele- Muita fumaça.
Ela- Que seja eterno.
Ele- Amém!
Ela- Você me entendeu?
Ele- Espero que sim.
Ela- Sabe, quando eu falava...
Ele- Que seja eterno.
Ela- E você dizia: “Amém”
Silêncio.
Ele- Essa era a música que eu mais ouvia!
Ela- Adele...
Ele- Escuta, o que você dizia mesmo sobre o eterno?
Ela- Você não tem medo?
Ele- Você tem?
Ela- Perguntei primeiro!
Ele- Tenho, mas eu também tenho medo de muitas coisas e nem por isso deixei de viver.
Ela- Dá pra ver, não é?
Ele- O que? Ás vezes eu não te entendo.
Ela- Falo das minhas cicatrizes... elas parecem sangrar, mas como?
Ele- Acho que é porque elas nunca se fecharam por completo. E quanto aos erros?
Ela- Não sei, chego a pensar que nunca paro de cometer os mesmos.
Ele- Para.
Ela- Paro?
Ele- Para de pensar um pouco.
Ela- Quanto tempo?
Ele- Chega!
Ela- Quanto tempo até virar eterno?
Ele- Para.
Ela- É lamentável que passamos uma vida inteira para aprender a viver.
Ele- Conte-me como foi que fez as suas cicatrizes.
Ela- Chega!
Ele- Seus olhos.
Ela- Eu sei.
Ele- Eles têm algo parecido comigo.
Ela- Eles são parecidos.
Ele- Com você.
Ela- Com a gente.
Ele- Será que estamos loucos?
Ela- Estamos.
Ele- E você tem medo?
Ela- Não.
Ele- Não?
Ela- É porque agora eu sei que é eterno.

Texto criado a partir de fragmentos de um Sábado chuvoso. Com café, amor e poesia. 

quarta-feira, 18 de abril de 2012

De novo e de novo

Você então, me beijaria. Beijaria de novo. E de novo.  E teu beijo seria como uma promessa. Você então, me...
É ou não é?
Você então, me abandonaria. Abandonaria de novo. E de novo. E teu abandono seria como acordar de olhos fechados e mãos vazias.
É!        
De novo. E de novo...
Vazio, uma estranha sensação de não sentir mais nada.
Você então me chamaria de sua. Eu seria sua de novo. E de novo. E ser sua, não garantiria que você fosse meu.

Você era realmente meu?
Porque eu era.
Entende agora?
Entende nada!
Há certas coisas na vida, que não tem valor, mas tem troco!

(...)

Eu então te beijaria. Te abandonaria. Beijaria de novo. Abandonaria de novo. E de novo.
Entende agora?
Entende nada!
Enfim, vamos beber?

sábado, 31 de março de 2012

Silêncio Seguido de Suspiro

Assim do meu jeito, em passos inseguros, com medo perguntei:
-Você está pronto para recomeçar?


Momento em que ele baixa a cabeça e desvia do assunto.
Mal sabe ele, que rompi meu contrato com o resto do mundo para me deixar envolver novamente.
Não foi fácil.
Assumo.
Suspiro e retruco.
-Eu não quero garantias. Não estou exigindo o seu melhor. Não estou lhe fazendo promessas, nem pedindo seu tempo integral. Não quero frustrar suas expectativas, apesar de ser muito boa nisso. Eu só quero um novo começo, uma oportunidade para ao fim dizer: “(...) felizes para sempre”.
Momento dramático em que ele diz:
-As coisas já não estão dando certo, os planos estão perdendo a força.
Silêncio seguido de suspiro.
Mal sabe ele, que esse é o momento oportuno para levar uma sacudida da vida. Ou...
Ponta dos dedos fazendo movimentos circulares na mesa.
Momento em que me sinto no direito de desabafar:
-Se você acha que tudo está resolvido, que é só virar as costas e pronto, tenho algo triste pra constatar. Isso requer mais, muito mais de mim, de nós. Requer mais que encontros casuais, mais do que beijos salpicados de desejo, sexo e palavras ditas da boca pra fora.
Momento em que ele franze a testa e me olha nos olhos.
Eu perplexa continuo meu discurso careta-didático-de-inutilidade-pública:
-Vem cá, caso não tenha reparado ainda, estamos falando de algo essencial, que não pode ser comprado em qualquer “lojinha” de conveniência 24 horas com seu cartão fidelidade. Não se pode mendigar por aí, pedir emprestado a um amigo ou rouba-lo de algum otário descuidado.
Momento em que se torna inevitável conter a lágrima.
Refletindo e com rancor disparo algo do tipo:
-Veja só se não estou falando novamente do amor, da porra do A-M-O-R em letras garrafais separado por hífen, sem reticências ou exclamação.
Momento em que ele pede um copo com água e bebe em um gole.
Mal sabe ele que eu sentia uma mistura de aperto, com sufoco, um pouco de alegria e tristeza.
Momento em que ele coloca o copo sobre a mesa e expõe:
-Não vai dar certo. Eu sei disso. Você também sabe. Não faz sentido insistir.
Silêncio seguido de suspiro.
Momento em que ele faz exatamente o que eu imaginava. Pega o casaco, a chave do carro, o maço de cigarros, me beija e vira na esquina mais próxima.
Momento em que nada faz sentido.  Momento que eu abro os olhos, cancelo a ligação, o suposto convite para uma reconciliação e retomo o caminho de casa. 

terça-feira, 20 de março de 2012

Manual do Usuário

Passo a passo, pra depois não se arrepender.


Introdução.
Caro cliente,
Foi com o intuito de suprir esta “necessidade do mercado” que resolvi criar esse breve guia de ajuda. Parabéns por adquirir esse produto de alta complexidade e capacidade de reflexão.
Espero sinceramente que a mercadoria saia melhor do que a encomenda.
Desenvolvimento.
Bata na porta e ao entrar deixe do lado de fora seu passado.
Amo ficar trancada em meu quarto com meus livros e filosofias altruístas.
Pode me ligar, me abraçar, mandar flores, eu gosto, sou romântica e delicada. Mas sobre hipótese alguma grite comigo, porque carrego o hábito desagradável de não deixar por baixo e revidar.  Sou mandona, mas às vezes gosto de ser contrariada e sentir que não tenho o domínio das situações. Por favor, peço encarecida que seja compreensivo, tenho momentos de histeria e confusão mental, na TPM fico instável e sensível. Nem sempre terá o meu melhor humor, mas se permitir que eu solte os cabelos e passe meu rímel, dentro de instantes estarei bem. Às vezes preciso ficar sozinha, então me deixe e volte quando eu chamar. Volte cheio de afeto e palavras amigáveis. Respeite minhas lágrimas. Chore comigo e me faça rir depois. Toque em mim, sinta minha pele, faça massagem com a ponta dos dedos em minhas costas tensionadas e não minta, só se for para me surpreender ou inventar paraísos imaginários. Sou completamente independente, tenho uma vida própria moldada à medida que cabe a mim, me faça sentir saudades dos seus beijos, mas não se atrase para o jantar. Seja divertido, me faça rir, mas sobre teoria alguma faça piadas exageradas e deselegantes.  Acredite quando eu disser que te amo, mas não acredite quando eu disser que te odeio. Nem sempre eu falo a verdade, não por má intenção, quero deixar claro que as mentiras serão raras e acompanhadas por uma boa justificativa. Vista-se com roupas de marca, use perfumes de luxo, calça larga, gel no cabelo, não me importo, só peço que seja intenso e verdadeiro. Apontarei seus defeitos, mas saberei venerar suas melhores qualificações. Odeio rotinas, vida doméstica, tédio e rancor, sou social e gosto de agitos noturnos. Não me deixe sozinha, me acompanhe, traga duas taças e um vinho bom. Deite-se comigo. Faça-me um cafuné, não ligo dos fios ficarem fora da ordem, se você não medir esforços ao me cortejar. Me faça louca, me faça insana, me faça mulher. Não precisa ter o mesmo gosto musical, mas me deixe ouvir o som no volume máximo. Goste de sexo, mas prefira o amor. Assista televisão, veja comédias românticas, mas não se torne banal. Deixa que eu dirija seu carro sem cinto de segurança, me deixa escrever no vidro frases legais. Fique nervoso, aprecie a beleza de outras mulheres, mas demonstre um ciúme sadio quando me vir conversando com seus amigos. Leia livros de diversos autores, seja interessado, aprecio conhecimento, mas que possamos dizer bobagens e curtir juntos. Guardo meus segredos, não conto e espero que não me revele os seus. Fale de suas ex namoradas, não me importo, mas não teça comparações, as diferenças são essências para a condição humana.
Conclusão.
Não quero um escravo das minhas palavras, nem alguém que haja feito um xiita contra mim. Não realize todos os meus desejos, tão pouco minhas loucuras. Não tenho custo alto, nem data de validade e sou facilmente saciada pelo amor.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Uma farsa à moda antiga

Você ainda acredita no que dizem por ai?



Posso te dizer e acredite, não é da boca para fora, estar numa encruzilhada na total extinção, à mercê de tudo e todos, presa somente ao que me liga a você é inevitável, é doído.
É recente.
É temporário.
Vai passar. Nosso mundo encantado cheio de beijos e cumplicidade também não passou?
Pois então....
Eu poderia olhar em seus olhos nesse exato momento e dizer o quanto você é insignificante, mas eu estaria mentindo pra mim. Pro meu coração.
Eu sei e você também sabe, às vezes é preciso se contentar com a realidade.
Um dia fizemos nossas descobertas, sonhamos os mesmos sonhos, compartilhamos boas músicas, alguns drinques caríssimos, jogo de lençol e conversa fiada... corremos alguns riscos e tivemos medo... medo de não ter tanta certeza dos nossos planos, do que costumávamos chamar de “o amanhã”.
Optamos pela décima segunda hipótese: Seguir caminhos distintos. Você cuida da sua e eu da minha.
Essa foi uma decisão tomada por nós dois, então me faça um favor, quando julgar necessário me procurar, não me procure.
Eles até que tentaram.
Tentaram me convencer a não acreditar em suas promessas, tentaram me explicar que eu não deveria esperar, tentaram me mostrar que o amor é uma fraude.
E eu?
Eu fiquei do seu lado, preferi acreditar em você.
Em nós.
Agora tenho que baixar a cabeça e me consolar mesmo sabendo que costumava viver uma farsa à moda antiga, com direito a espetáculo de aparências e tudo.
É meu caro, mais uma vez a realidade aparece acabando com a brincadeira divertida de uma pessoa-inocente-demais.
Nada romântico, eu sei, mas um tanto quanto clássico. Já li esse capítulo por ai, em algum romance mal escrito.
Sempre acreditei em minhas próprias filosofias: as pessoas vão até onde a gente deixa.
E sabe qual é a maior vantagem nisso tudo?
Estou deixando o tempo passar, e logo deixo você por conta dele.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A cada dia acorda sozinha


Gritando a falta que faz. A falta de amor. A falta de sentidos. A falta por si só. Gritando um grito contido daqueles que sai de dentro sem forçar, sem mentir, que sai rasgando e arranhando.
Um grito que ele não vai ouvir. Eu sei, não posso fazer esse escândalo todo sozinha. Preciso sentir que ele também quer gritar junto de mim.
Sozinha.
Não adianta gritar. Já estou rouca e... Sozinha.
Agora me sinto tão patética. Sozinha. Sinto uma vontade imensa de esvaziar os sentidos que inventei, as razões que pareciam transbordar de sentido, de atenção.

Atenção menino. Muita atenção!

Eu tenho que ser guiada pelo meu ritmo, que ora me permite amanhecer chorando e ora anoitecer dançando. Sozinha. Vai entender. Tenho mania de adoração ao impossível.
Veja só se pode!
Fico me perguntando por que raios... sem ter alguém a quem eu posso culpar, a não ser eu mesma. Por que raios tenho prostituído demais a sua espera. Sozinha. As coisas parecem perder a importância, o pretexto. As coisas parecem ter um prazo fixo de validade. As coisas, os romances. Sozinha, estou ficando cansada.
Sozinha, vou andando devagar pelas ruas.
E sabe de uma coisa?
Tenho andado sem guarda-chuva, tenho pedido para chover. Tenho gostado de me molhar.
E sabe de uma coisa?
Tenho evitado correr certos ricos, não passo em frente a sua casa. Fiz questão de esquecer o endereço, o telefone.
Qual é mesmo o seu nome?
Tenho me atirado em frente a possibilidades diversas e chances imprevistas. Sozinha. Tenho me adaptado a um mundo paralelo ao meu, mesmo com a chuva, com toda a tempestade.
E sabe de uma coisa?
Tenho conseguido. Tenho gostado.
Sozinha.
Estou só.
Por hora.
Quero dizer, tenho ódio do amor que depositarei no primeiro-desconhecido-simpático-que-pensa-como-eu, que tem as mesmas manias. Tenho ódio deste homem que vai fazer com que eu me entregue, com que eu me sinta mulher. Sei que ele está a caminho, e tenho mais ódio. Ódio do homem cujo rosto e cuja voz ainda desconheço. Mas que surgira. Ainda que seja mentira. Certamente surgira. 
Sozinha. Aqui estou à mulher, a vítima das próprias armadilhas. Sozinha. A mulher que criou fantasias das quais se arrepende, a mulher que tentou seguir a risca todos os conselhos. A mulher que gaguejou na hora de dizer o "não". A mulher que tentou recriar o roteiro e não saiu das primeiras folhas. A mulher que sente falta de atenção e que é delicadíssima. A mulher que a cada dia acorda irreconhecível. Que a cada dia acorda sozinha.
E sabe de mais uma coisa?
Eu sei que dessa vez vai valer a pena, sim, estou pagando pra ver.
Isso não é um blefe.
E eu vou topar.
Não porque sou uma completa idiota, não porque preciso de alguém. Sei lá, de repente eu não tenha nada melhor pra fazer.
Sozinha, agora me sinto pronta para partir, ir para outra dimensão, longe, bem longe daqui. Sozinha, sem entender nada, continuo insistindo, vai ver esse é o segredo. Se eu desvendá-lo, não tenha medo, não estarei mais sozinha.


 Atenção homem. Muita atenção!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Além


Você já teve a impressão de estar condenada a morrer na praia?

Pois então, às vezes me pego perdida em minhas próprias controvérsias, amparada pelo meu comodismo e empurrada pelo choque térmico, esse sim me incomoda verdadeiramente.
Isso é abominável, eu sei.
Assim como sei da minha necessidade urgente por uma mudança de hábitos, de país ou de estado espiritual. Seja lá o que for, preciso decidir e optar pelo itinerário que melhor se adapte a mim, as minhas carências e necessidades. Mas poxa vida haja desprendimento do que já inventei, do que já colori e recortei.  Não sei tratar disso tudo sozinha.
Não funciona assim.
Comigo é diferente.
Eu disse.
Não lhe disse?
Eu já imaginava.
Nós sabíamos que iria acontecer, pelos mesmos motivos de sempre, os óbvios.
Quer saber o que é mais trágico que isso?
O nosso duelo de acusações seguido de dedos apontados um para o rosto do outro, sem piedade.
Faltou piedade.
Faltamos.
Você foi um Gentleman, reconheço.Pediu licença, não voltou mais. Virou as costas e tomou o primeiro avião. Sempre me encantei pela banalidade com a qual tratava dos fatos, do nosso romance.
O que?
Não!
Eu não chorei.
Engoli seco o sabor do desafeto junto as pedras de gelo daquele whisky caríssimo. Red Label, aquela ocasião pedia o melhor, já que eu estava na pior.
Pouca importava.
Eu te desejei a morte, fiz sua caveira.
E com tudo fui obrigada a tomar uma providência.
Quiçá tenha sido radical, tenha exigido demais, tenha errado, devesse ter corrido atrás. Mas optei pela minha felicidade.
Agora me diz, existe mesmo essa tal felicidade?
Não se sabe. Apenas se imagina, se contesta e se deixa levar.
Até onde?
Não se sabe. O que se sabe é pouco e vago.
Vagando.
Di-vagando.
Deixa que daqui pra frente eu assuma os riscos de viver além do convencional. Além do imaginário. Além do limite. Além de qualquer boa justificativa. Além das mentiras que você contava. Além da ficção que me alimentava. Além do predestinado.
Além...