quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Qualquer blá, blá, blá


Antes de dar tudo errado, eu tinha absoluta certeza de que a gente dava muito certo, até que num “belo” dia você jogou o controle remoto da televisão, sem o menor respeito, interrompendo a minha cena preferida do filme, não preciso nem acrescentar.
Acabou, foi tudo bem simples, era você ou eu.
(...)
Optei por mim.
Ficamos sem proferir uma palavra sequer durante alguns minutos. Você tentou resmungar algo, mas eu o calei. Eu estava assistindo o “meu” filme e você bebendo a “sua” cerveja. Nós dois sabíamos que não era preciso dizer muito, então você levantou, apanhou o controle e colocou na mesa, sem nem olhar nos meus olhos. O filme acabou. Continuei sentada, acompanhando o letreiro. Quase não pisquei, quase não respirei. Quase não suportei o fato de você ter estragado a nossa comemoração de seis meses de namoro.
Sem qualquer blá, blá, blá, sem qualquer despedida, fui logo abrindo a porta. Você me fitava em silêncio, enquanto eu esperava pelo elevador. Não houve nenhuma narrativa romântica, nenhum adeus ou uma surpresa inesperada, estávamos em comum acordo. Tinha acabado. E ponto. Mas que você não seja o ponto final, seja as aspas, as reticências, o travessão, sei lá apenas seja (...)
O elevador parou no décimo primeiro andar e então você foi. Se foi pra sempre. Quis chorar, gritar, enfartar, mas não. Me calei. E lamentei. Lamento a morte gradativa da minha esperança no amor e nas coisas bonitas, que parecem existir apenas nos filmes que me alimentam de ficção. Lamento estar nesse estado patético de cegueira para a realidade e lamento também por essa vulnerabilidade com a qual o amor submete a gente. Suga a gente. Consome a gente.
A gente?
Agora sou apenas eu, uma garrafa de cerveja vazia, algumas cinzas, um controle remoto com as suas digitais e, enfim.
Acontece que, depois de um amor, não dá pra seguir em frente sem um tempo, umas férias. Então declaro a todos e oficializo meu período de intenso recesso emocional. Longo, para respirar, recompor e experimentar. Longe para me amar e fazer de tudo por mim. Longe de você e let it be. Nessas férias quero conhecer novas praias, novos bares, novas baladas. Por falar em novas baladas lembrei-me daquele dia em que fomos à inauguração da “Love”, e eu acabei perdendo a bolsa em uma confusão, tudo culpa sua. E quer saber? Me deu uma saudade (...)


Eu amava aquela bolsa, seu idiota!

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