Antes
de dar tudo errado, eu tinha absoluta certeza de que a gente dava muito certo,
até que num “belo” dia você jogou o controle remoto da televisão, sem o menor
respeito, interrompendo a minha cena preferida do filme, não preciso nem
acrescentar.
Acabou,
foi tudo bem simples, era você ou eu.
(...)
Optei
por mim.
Ficamos
sem proferir uma palavra sequer durante alguns minutos. Você tentou resmungar
algo, mas eu o calei. Eu estava assistindo o “meu” filme e você bebendo a “sua”
cerveja. Nós dois sabíamos que não era preciso dizer muito, então você
levantou, apanhou o controle e colocou na mesa, sem nem olhar nos meus olhos. O
filme acabou. Continuei sentada, acompanhando o letreiro. Quase não pisquei,
quase não respirei. Quase não suportei o fato de você ter estragado a nossa
comemoração de seis meses de namoro.
Sem qualquer
blá, blá, blá, sem qualquer despedida, fui logo abrindo a porta. Você me fitava
em silêncio, enquanto eu esperava pelo elevador. Não houve nenhuma narrativa
romântica, nenhum adeus ou uma surpresa inesperada, estávamos em comum acordo.
Tinha acabado. E ponto. Mas que você não seja o ponto final, seja as aspas, as
reticências, o travessão, sei lá apenas seja (...)
O
elevador parou no décimo primeiro andar e então você foi. Se foi pra sempre. Quis
chorar, gritar, enfartar, mas não. Me calei. E lamentei. Lamento a morte
gradativa da minha esperança no amor e nas coisas bonitas, que parecem existir
apenas nos filmes que me alimentam de ficção. Lamento estar nesse estado
patético de cegueira para a realidade e lamento também por essa vulnerabilidade
com a qual o amor submete a gente. Suga a gente. Consome a gente.
A
gente?
Agora
sou apenas eu, uma garrafa de cerveja vazia, algumas cinzas, um controle remoto
com as suas digitais e, enfim.
Acontece
que, depois de um amor, não dá pra seguir em frente sem um tempo, umas férias.
Então declaro a todos e oficializo meu período de intenso recesso emocional.
Longo, para respirar, recompor e experimentar. Longe para me amar e fazer de
tudo por mim. Longe de você e let it be. Nessas férias quero conhecer novas
praias, novos bares, novas baladas. Por falar em novas baladas lembrei-me
daquele dia em que fomos à inauguração da “Love”, e eu acabei perdendo a bolsa
em uma confusão, tudo culpa sua. E quer saber? Me deu uma saudade (...)
Eu amava
aquela bolsa, seu idiota!
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